Mercado imobiliário no metaverso: entenda como funciona e por que investir

 Os investidores agora estão migrando para o metaverso, ou um mundo virtual 3D imersivo, onde qualquer pessoa pode criar seus avatares e interagir com outras pessoas em tempo real e comprar ou vender produtos, incluindo o mercado imobiliário. Isso é possível aproveitando tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR).


Senso assim, muitas possibilidades foram aparecendo e ainda aparecerão. Inclusive, o do mercado imobiliário no metaverso. Os terrenos existem em um mundo virtual, mas custam dinheiro (no caso, criptomoeda) e têm registro de propriedade, além de poderem valorizar ou não com o passar do tempo. Mas, aí, você pode se perguntar “como uma terra que existe em um mundo virtual gera valor?”.


O conceito implícito aqui é que, embora a internet possa ser infinita, um metaverso não é. Pode haver vários mundos virtuais, mas eles serão limitados em tamanho. Assim, em todos os mundos, existe apenas uma quantidade limitada de terra e é projetada de tal forma que outras terras não podem ser adicionadas posteriormente. A raridade contribui para a valorização.


O Inset já produziu muitos conteúdos sobre as diversas nuances dessa nova e futurista tecnologia. Confira:







Para se ter uma ideia, no final do passado, um lote neste universo virtual foi vendido por incríveis US$ 2,43 milhões, no que foi o maior negócio imobiliário do metaverso até então. O Grupo Metaverse, sob a propriedade da Tokens.com, comprou o Decentraland’s Fashion District. Porém, em maio desde ano, a Yuga Labs, criadora da famosa coleção de artes de macacos em NFT (token não fungível), vendeu lotes em um terreno virtual por, pasmem, US$ 320 milhões, o que equivale a quase R$ 1,7 bilhão, tornando-se a maior transação já realizada em criptomoedas.

Existem várias dessas plataformas virtuais – Decentraland, Axie Infinity, Sandbox, entre outras – de onde os ambientes digitais gerados pelo usuário podem ser comprados e vendidos. Mas não se engane, elas ainda não são o real metaverso. Como os negócios são no mundo virtual, a forma de pagamento também é digital ou criptomoeda. O negócio da Decentraland, por exemplo, foi feito na moeda nativa, MANA, que na época estava sendo negociada a cerca de US$ 5 no coinmarketcap.com. Atualmente, a moeda está valendo US$ 1,04.

Recentemente, no Brasil, a Upland, empresa de metaverso NFT totalmente mapeado com o mundo real, lançou o mapa do Rio de Janeiro em sua plataforma, vendendo diversos lotes em diversas localidades da cidade maravilhosa. O sucesso foi tanto, que todos os terrenos virtuais do RJ já foram vendidos. A empresa possui metaversos em grandes cidades do mundo, como Nova Iorque, Chicago e Los Angeles.

O Rio de Janeiro não só foi a primeira cidade brasileira, como foi a primeira cidade fora dos Estados Unidos.

Matheus Martins, administrador de empresas e investidor, foi um dos felizardos que conseguiram comprar terrenos virtuais no Rio de Janeiro. Ele conta que, logo quando ouviu pela primeira vez que seria possível comprar um terreno virtual, resolveu garantir seu próprio espaço no metaverso. Para ele, é um ótimo investimento para o futuro.

“Me lembro de ouvir uma história de um empresário que comprou um prédio em Manhattan, cerca de 60 anos atrás em que o prédio era avaliado em 10 milhões de dólares. Com o passar do tempo, Manhattan virou um dos metros quadrados mais caros do mundo e esse prédio hoje vale mais 100 milhões de dólares! Hoje, o metaverso é algo que ainda está em desenvolvimento, algo recente, portanto, acredito que estamos vivendo em Manhattan na década de 50, com grandes chances de garantir um pedaço de terra que pode se valorizar muito com o passar do tempo.”, conta Matheus.

Hoje, a localização do terreno virtual é tão importante quanto a localização do terreno físico. Matheus, por exemplo, comprou dois terrenos em frente à praia de Ipanema e pretende investir na construção de um imóvel corporativo. Assim como ele, muitos investidores veem como bons olhos o mercado imobiliário no metaverso. Mas o que motiva as pessoas e empresas a investirem dinheiro em terrenos virtuais e construir casas e empreendimentos nesse universo tão recente e, ainda, imaginário?

As possíveis motivações – mercado imobiliário

Juliana Guimarães, especialista em estratégia e inovação, e co-founder do 55Lab, acredita que, apesar de recente, em pouco tempo as pessoas e empresas irão expandir seus modelos de negócios, passando também a ter um comércio digital no metaverso, por exemplo.

“O metaverso é onde as tendências da transformação digital se encontram: realidade virtual, realidade aumentada, redes sociais e jogos. Um mundo virtual, imersivo, onde nós podemos nos socializar, trabalhar, comercializar bens e serviços (virtuais ou não). Apesar de incipiente, já é uma realidade. Em pouco tempo, as empresas irão expandir seus modelos de negócios passando também a ter um comércio digital no metaverso. É sobre colocar o cliente como dentro e proporcionar a melhor experiência possível em qualquer ponto de contato”, explica Juliana Guimarães.

Além disso, a pandemia de Covid-19 acelerou processos que, teoricamente, levariam mais anos para acontecerem e se tornarem realidade. Isso fez com que investidores e empresas acelerassem os processos de transformação digital, adentrando no universo de novas tecnologias, assim como o metaverso, e, para Juliana Guimarães, “investir e estar à frente dessas tendências é imprescindível para os negócios nesse novo contexto de mercado”.

“Assim como a internet mudou a forma como consumimos, nos relacionamos e trabalhamos e a pandemia da COVID-19 antecipou mudanças que já estavam em curso (não precisamos nem comentar sobre o crescimento substancial dos e-commerces nos últimos 2 anos), o metaverso também exige que as empresas que queiram manter sua relevância no mercado, passem a adaptar seus modelos para operar nessa plataforma como mais um ponto de contato com o seu público”, opina Juliana.


Citação

O fato é que o metaverso já é uma realidade e vai se desenvolver de qualquer maneira. E, nesse contexto, é melhor fazer logo para errar e consertar enquanto ainda não estourou. O perigo é esperar uma ideia ficar completamente pronta – porque assim, a chance de ficar obsoleta é grande.”
Juliana Guimarães, especialista em estratégia e inovação, co-founder do 55Lab

Para Matheus Martins, que agora é dono de dois terrenos com vista para a praia de Ipanema na capital carioca, a motivação veio da oportunidade e de acreditar no futuro do metaverso, não só como tecnologia, mas, também, como investimento. Na opinião dele, foram bons aportes e o investidor pretende mantê-los para o médio ou longo prazo.

“Tive a oportunidade de fazer a compra do terreno um dia após o lançamento da cidade no metaverso, conseguindo achar terrenos com preços razoáveis. Por ser uma cidade nova, num mundo novo, sem muita inteligência de mercado para saber o quanto vale “o metro quadrado”, eu aportei dois terrenos que fizeram sentido financeiramente no momento. Comprei dois terrenos grandes na Av. Vieira Souto, por algumas centenas de dólares, sendo que os terrenos na vida real valem milhões e milhões. É justo comparar o preço dos terrenos no metaverso com os da vida real? Não, mas acredito que seja apelativo, em um metaverso que passou dos dois milhões e meio de usuários que um terreno em Ipanema de frente para o mar não chame a atenção”, explica Matheus Martins.

Aproveitando o hype

Assim como em qualquer tendência, há aqueles que se aproveitam e vendem uma ideia muito irreal e precipitada só para surfar no hype e ganhar com isso, podendo causar deslumbramento nas pessoas e, nesse caso, fazer os investidores perder dinheiro, seja através de golpes ou, simplesmente, por desvirtuarem totalmente a brilhante concepção dessa inovadora tecnologia. Além disso, a ainda não regulamentação desses espaços e alto risco de investimento podem ser um entrave na popularização consciente desse novo conceito. O metaverso é um mercado não regulado.

“Apesar de ainda estar baseado nas transações com criptomoedas, já é possível monetizar com os espaços virtuais com aluguel de espaços para eventos, construção de áreas para games ou até para divulgação de anúncios. Aspectos como privacidade de dados, propriedade industrial, classificação da relação de trabalho, relações de consumo e impostos são preocupações no contexto no metaverso”, explica Juliana Guimarães.

Porém, medidas já estão sendo tomadas, devido a natural pressão desse novo mercado emergente e, também, pelo fato do metaverso ser uma futura realidade, com potencial enorme de desenvolvimento, mas já gerando cifras estratosféricas de dinheiro e criando novos modelos de investimentos, como é o caso do mercado imobiliário de terrenos virtuais.

“Sobre o mercado imobiliário, desde 2019, existe uma instrução normativa que determina que os ativos digitais sejam declarados. Em 2021, a Receita Federal já estabeleceu o recolhimento de Imposto de Renda sobre o ganho de capital. E assim, aos poucos e de forma não tão bem estruturada, algum tipo de regulamentação vai acontecendo”, reitera Juliana Guimarães.

“Acompanhando o avanço desse desenvolvimento tecnológico, será algo muito mais imersivo do que estamos acostumados. Nós iremos fazer reuniões em espaços montados por empresas dentro do metaverso, faremos compras em lojas dentro do metaverso, teremos aulas dentro do metaverso, e muito mais. Hoje estamos na fase do awareness, que as pessoas estão começando a tomar conhecimento do assunto. A próxima fase é a de compras, depois de experiências e então teremos a fase em que chamam de phygital, em que o mundo físico se mistura com o digital, imersivamente. Acredito que teremos uma transição tremenda nos próximos anos e eu sugiro as pessoas começarem pelo menos a pesquisar e se inteirar do que está acontecendo o mais rápido possível, principalmente marcas que podem expandir suas experiências para outro patamar”, finaliza Matheus Martins.

Fonte: Inset

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